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Haddad diz que recuou sobre cobrança de IOF para 'evitar especulações'

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo (SP)

23/05/2025 08h48

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que recuou sobre a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em transferências para investimentos de fundos no exterior para evitar especulações de mercado e evitar ar uma mensagem que não era a pretendida pelo governo.

O que ele disse

Haddad realizou pronunciamento para justificar o recuo do governo. Depois do anúncio do aumento do IOF, o ministério recebeu diversas mensagens de pessoas que operam nos mercados. Diante da situação, Haddad avalia que o governo entendeu que a medida "poderia carregar um tipo de problema e ar uma mensagem que não era desejada".

Vamos continuar abertos ao diálogo sem nenhum tipo de problema e contamos com a colaboração dos parceiros tradicionais nossos para ir corrigindo a rota.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Ministro afirma que as demais elevações nas alíquotas de IOF permanecem inalteradas. "No conjunto do que foi anunciado, está tudo mantido, mas esse item foi revisto", destacou ao comentar a decisão. Segundo Haddad, a decisão de comunicar a alteração logo cedo, antes da abertura do mercado financeiro, teve o objetivo de "evitar um tipo de boataria, especulação em torno de objetivos que o governo não tem efetivamente" e ar "uma mensagem equivocada".

Entendo que a decisão tomada busca harmonizar a política monetária e fiscal. Estou falando que 96%, 97% das medidas anunciadas estão mantidas e vão na direção correta.

Efeito do recuo no Orçamento

Com o recuo, o ministério reduz em R$ 2 bilhões a expectativa de arrecadação neste ano e em R$ 4 bilhões no próximo ano. Segundo Haddad, a decisão pode levar a novos contingenciamentos para adequar as perdas. Com isso, a expectativa é arrecadar R$ 18,5 bilhões ainda neste ano com as mudanças e R$ 38 bilhões em 2026.

Diálogo com o BC

Haddad disse que não cabe ao BC (Banco Central) interferir na decisão. O ministro garantiu que a elevação das alíquotas de IOF foi debatida com o presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo "Nos mantemos conversas sobre o rumo traçado, ao buscar os objetivos comuns, tentar harmonizar as políticas", afirmou.

Ministro afirmou não ter necessidade de comunicar as decisões ao BC. Haddad destaca que o Banco Central é autônomo e os decretos econômicos do governo não precisam ser validados pela autoridade monetária. "Eu não revejo decisões do Banco Central e o Banco Central não tem um procedimento de ar as medidas do governo", explicou.

O que há é uma troca de diálogo sobre a economia, sobre a necessidade de corrigir despesa, corrigir receita e ordens de grandeza. Mas não há uma abertura na minúcia. Um decreto presidencial não a a redação pelo Banco Central. Nunca ou.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

O que aconteceu

Para ajudar a fechar as contas no ano, o governo anunciou ontem o aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Os investimentos de pessoas físicas no exterior, que atualmente têm alíquota de 1,1%, ariam a ter 3,5%. As transferências para aplicações de fundos nacionais no exterior ariam a ter alíquota de 3,5% também, contra zero atualmente.

Depois de uma repercussão negativa entre os agentes de mercado, o governo voltou atrás durante a noite. Os investimentos de pessoas físicas no exterior continuam com alíquota de 1,1% e as transferências para aplicações de fundos nacionais no exterior seguem com zero.

Este é um ajuste na medida -- feito com equilíbrio, ouvindo o país, e corrigindo rumos sempre que necessário.
Ministério da Fazenda, em publicação no X.

Esses recuos devem se refletir nos mercados, já que ontem a Bolsa caiu, e o dólar subiu com o anúncio das cobranças. Depois de recuar 0,58% e ser vendido a R$ 5,611, o dólar fechou a quinta-feira 0,32% mais caro que no dia anterior, vendido a R$ 5,661. Já a Bolsa fechou em queda de 0,44%.

Como diversos fundos brasileiros aplicam parte dos seus recursos no exterior, essas taxas afetariam os ganhos desses investimentos. O EWZ, principal fundo de índice (ETF) do Brasil negociado nos Estados Unidos, caiu depois do fechamento. Na pré-abertura, está em queda de 1,53%.

Apesar dos recuos, o aumento de IOF irá afetar diversas outras operações de câmbio.

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