'Gostaria de voltar para TV': como é a vida de Patricia Maldonado nos EUA
Há dez anos, Patrícia Maldonado, 50, trocou o agito de São Paulo pela "loucura" de morar em Orlando, nos Estados Unidos. Com trabalhos de destaque na Globo, Record e Band, a apresentadora cansou da rotina de não ter hora para chegar em casa e colocou a carreira em segundo plano para realizar o sonho de ver as filhas terem qualidade de vida e formação melhores do que teve na juventude.
Estava trabalhando muito e ausente da minha casa, me sentindo muito distante das crianças. Eu pensava: 'como vou mudar e continuar na minha área? Sou muito nova para me aposentar, mas não quero essa vida maluca de não ter hora para sair do trabalho'. Vi a oportunidade de realizar o sonho de trazer as crianças para aprender inglês cedo e tomei uma decisão acertada, o inglês delas é maravilhoso. Falar outro idioma não é sobre se comunicar, mas mergulhar em outra cultura. Tenho orgulho da decisão que eu e meu marido tomamos. Foi uma loucura, mas valeu a pena.
Patricia Maldonado, em entrevista exclusiva para Splash
Na época, a apresentadora estava na Band comandando o Band Esporte Clube e seguiu na emissora entregando matérias especiais direto dos Estados Unidos até o fim do vínculo. Atualmente, a jornalista atua como freelancer de reportagens em canais como SBT, CNN e Band, gerência a agência de comunicação Let´s Connect com um amigo, mas não esconde que o desejo de ter novamente uma atração na TV.
Não tem uma coisa específica que eu gostaria, um tipo de programa, mas eu gostaria de voltar para TV. Eu estou com muita vontade de voltar, não sei se aqui, não sei se aí, não sei se como correspondente fixo aqui de algum canal ou apresentando algum programa de entretenimento, ou jornalismo. Não sei, mas eu estou com muita vontade.
A decisão de morar nos Estados Unidos obrigou Patricia Maldonado a apertar o botão reset da vida. Ela teve de reaprender, praticamente, tudo para viver o novo desafio. "Quando cheguei aqui não tinha tanto brasileiro como tem hoje e tive que descobrir um monte de coisa. Coisas bobas como matricular na escola, comprar carnê americana no mercado, fazer imposto de renda, entre outras, são completamente diferentes do Brasil. As vacinas aqui são diferentes e eles ficaram loucos com as vacinas das meninas. Eles diziam: 'por que tudo isso?' e eu dizia: 'no meu país é assim e vacinei elas em tudo que é possível'.
Com os aprendizados na raça, a jornalista decidiu criar um blog para dividir as experiências e servir como base para futuras famílias que decidirem viver nos EUA. "Criei o blog "Família Muda Tudo" pra compartilhar essas experiências que eram completamente diferentes. Hoje, olho pra trás e eu acho que a gente não foi inconsequente em nenhum momento. Nós planejamos vir e fizemos tudo pra evitar o impacto na vida das crianças."
"Eu vou e aprendo o que não souber"
Nascida em São Paulo, Patricia Maldonado foi criada em Valinhos, interior do estado, e se formou em jornalismo em 1996. Além de atuar em jornais locais, ela trabalhou na sucursal da Folha de São Paulo, em Campinas, e Correio Popular e, posteriormente, se tornou repórter da EPTV após impressionar um produtor com sua voz num teste — em que acompanhava uma amiga.
Depois que fui mandada embora do Correio, fui falar com essa pessoa e consegui uma vaga na EPTV de Campinas. Comecei sendo radioscuta, depois fui para a produção e da produção fui para a repórter da madrugada. Acho que todo mundo deveria ar por isso, porque é importante saber todo o bastidor. Demorei dois anos para colocar a cara no vídeo.
Em 1998, após trocar EPTV pela TV Tem, Patricia foi demitida ouvindo o chefe dizer que "TV não era o seu caminho". Ela viajou aos Estados Unidos para fazer intercâmbio de seis meses, cogitou seguir novos desafios profissionais, mas a volta ao Brasil guardava uma oportunidade de provar seu valor em retornar à televisão.
Voltei procurando emprego e uma repórter me disse para ir na EPTV de Sorocaba. Lá, eu fiquei louca pela redação, pelo chefe, que era o Zana, e comecei a trabalhar no dia seguinte. Fiz as afiliadas de Sorocaba e Jundiaí e foi muito legal, porque fui escolhida dentre os repórteres de rede para entradas ao vivo no Bom Dia Brasil, o Jornal Nacional e o Jornal Hoje. Tive oportunidade de participar de cursos na Globo e me aprimorar como repórter.
Por estar na região de Sorocaba, ela cobriu os períodos de treino de times de futebol em início de ano e chamou atenção da direção do SporTV. Assim, Patricia migrou do interior para a capital paulista como funcionária oficial da TV Globo.
Eu nunca tinha trabalhado só com futebol, porque quando você trabalha numa emissora menor, você faz de tudo. Era uma coisa que eu gostava, mas não sabia que gostava tanto. Quando me chamaram, acho que essa é uma marca da minha carreira, não parei para pensar: 'ah, nunca fiz só futebol', eu falei: 'vou e aprendo o que eu não souber'.
Patricia apresentou o SporTV News e teve a chance de viajar como repórter especial para a cobertura da Copa de 2002, experiência esta que marcou sua vida. " Sem dúvida, toda a minha cobertura no Japão foi muito importante para a minha carreira. Até porque eu fiz grandes amigos na Copa. Sou amiga do Kaká, Denílson e Ronaldo até hoje por causa da Copa. Acho que foi uma cobertura super importante na minha vida."
"Paulo Henrique Amorim sabia o meu nome"
Após quase cinco anos de SporTV, Patricia Maldonado buscava novos desafios e entendeu que precisaria sair da Globo pelo canal ser "fiel aos seus apresentadores". Ela topou proposta da Record para integrar o time de esporte, mas quis o destino que a ida ao canal lhe abrisse o mundo do entretenimento.
Como estava há muitos anos no SporTV, me pediram pra ficar fora do ar para limpar a imagem. Só que o Hélio Vargas, diretor artístico da época, tava com o Sem Saída, do Marcio Garcia, no ar e me convidou para fazer reportagens para não ficar fora do ar. Foi muito legal, embora eu tivesse um pouco de preconceito, porque tinha que fazer bagunça na televisão. Eu estava sempre tão certinha, mas foi muito legal, aprendi bastante nessa época.
Em seguida, a jornalista 'trombou' com Paulo Henrique Amorim (1942 - 2019) pelos corredores da Record e foi convidada para gravar reportagens radicais para o extinto Tudo A Ver. "Falei: 'cara, ele sabe o meu nome. Que loucura'. Ele falou: 'vai lá no meu programa e fala quero que você faça um quadro' e a gente fez um quadro que chamava "A Patrícia Faz Cada Uma", que era experimentando vários tipos de esportes. Não durou um mês no ar".
Um belo dia eu estava de folga em casa e meu celular recebeu milhões de mensagens. Me falaram que estavam reformulando o Tudo A Ver e que o Paulo queria dar uma descontraída no programa e que tinha me escolhido para apresentar o programa com ele. Falei: 'caramba, esse mundo é muito louco'. Foi assim que comecei no programa que acho que foi o programa que mais marcou a minha trajetória por tudo. Me ensinou muito e trabalhar com o Paulo Henrique Amorim foi uma aula diária.
Oportunidade no Tudo A Ver abriu as portas de outras atrações da Record para jornalista. "Fiz o Troca de Família, o Domingo Espetacular e foi muito legal porque aprendi muito também. Tive a oportunidade de cobrir as férias da Ana Hickmann no Hoje em Dia, que foi muito bacana fazer. Ou seja, também fiz muita coisa diferente dentro da Record e acredito que foi para acontecer exatamente assim na minha vida."
"A Band me deu minha família"
Inquieta, Patricia Maldonado começou a pensar em seguir novos os após entender que havia feito o possível na Record. Ela havia recusado uma investida da Band para ser apresentadora do Jornal da Band, mas a nova procura da emissora da família Saad a encontrou decidida a encarar novos os.
Não tava feliz com o que tava fazendo, com o horário que eu tava trabalhando e não consigo ficar muito acomodada, sabe? A Band veio num momento que eu não estava feliz e a ideia de apresentar o É o Amor, que era programa de entretenimento uma vez por semana à noite, uma coisa que nunca tinha feito, me agradou.
Na chegada ao canal, a apresentadora atuou no comando do Atualíssima até a conclusão do projeto do É o Amor. "Eu nem me lembro quanto tempo durou o Atualíssima, mas logo eu fui pra fazer o É o Amor. Só que o É o amor era contrato e não renovaram. A Band também teve mudanças na direção artística e eu fui para outros desafios lá dentro".
Na Band, eu fiz Atualíssima, É o Amor, Dia a Dia, Jornal da Band, Primeiro Jornal, Band Spot Club, Band Folia, que foi muito importante na minha vida, apresentei durante 10 anos, Jogo Aberto, fiz nas férias da Renata. Enfim, fiz de tudo um pouco.
Além de trazer a consolidação profissional, Maldonado crê que a ida para Band também foi para lhe presentear com a família. O marido Guilherme Arruda foi apresentador do Band Esporte Clube antes de sua chegada ao programa. "Sempre digo que a Band me deu a minha família. A Band me deu o meu marido, que daí vieram as minhas filhas. Então, a Band foi muito importante para mim. Quando eu mudei para os Estados Unidos, eu ainda estava trabalhando com eles, né?".
Acho que não fechei nenhuma porta dos lugares onde ei e tenho muita saudade de todos os lugares. É que a Band foi a mais recente e eu fiquei mais tempo também do que nas outras. Então, eu tenho um carinho muito especial por aquela casa.