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Irmãos Dardenne entram em cena no último dia da competição em Cannes

23/05/2025 06h08

Os irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne entraram em cena, nesta sexta-feira (23), com "Jeunes mères", um drama sobre mães solteiras, apresentado no último dia da mostra competitiva do Festival de Cannes.

Após dez dias e 20 filmes já exibidos, Cannes voltou a ser um caldeirão de rumores sobre a difícil escolha que o júri, presidido pela atriz sa Juliette Binoche, precisa tomar, antes de anunciar os vencedores desta 78ª edição do festival no sábado.

Nesta sexta, foram anunciados os prêmios da mostra Um Certo Olhar, a segunda mais importante do festival.

"La misteriosa mirada del flamenco", primeiro filme do chileno Diego Céspedes, levou o prêmio máximo, e o colombiano "Un poeta" ficou com o prêmio do júri.

O filme de Céspedes conta como um grupo de mulheres transgênero sobrevive em um isolado povoado do deserto chileno, onde uma doença misteriosa se propaga.

São os anos 1980 e a aids começa a fazer estrago. Mas, nesta região remota, as pessoas estão convencidas de que esta "peste", como chamam a doença, é transmitida pelo olhar.

"Venho de uma comunidade do Chile, um destes bairros operários onde não se espera que gente como nós consiga chegar aqui. Mas conseguimos e não [o fizemos] sozinhos, viemos com todas as loucas da parte de baixo, sem convite, as que gritam, as que tropeçam feio, mas seguem em frente", disse Céspedes, de 30 anos, ao receber o prêmio.

"Un poeta", de Simón Mesa Soto, que conta a história de um escritor colombiano frustrado e deprimido, levou o prêmio do júri desta mostra paralela.

"Na Colômbia é difícil fazer filmes, e é difícil chegar aqui, é como um sonho. Por isso, quero dedicar este prêmio a todas as pessoas que estão aqui tentando fazer um filme", disse o diretor colombiano, de 39 anos.

- Poucos recursos e muitos prêmios -

A chegada dos irmãos Dardenne, vencedores de duas Palmas de Ouro ("Rosetta" e "A Criança") e de outros prêmios em Cannes, adicionou emoção ao evento. Os belgas podem se tornar os primeiros cineastas a conquistar o principal prêmio do festival francês pela terceira vez.

"Jeunes mères" descreve a convivência de um grupo de adolescentes grávidas ou já mães em uma casa de acolhimento.

Em estilo documental, o filme conta cinco histórias diferentes, mas unidas por um ado familiar muito difícil que todas temem repetir com seus bebês.

O drama demonstra a habilidade da dupla de diretores, que consegue, sempre com economia de recursos e muitas vezes com atores não profissionais, expor os males da sociedade europeia.

Além de "Jeunes mères", Cannes encerrou a competição oficial esta noite com a exibição de "The Mastermind", da americana Kelly Reichardt, que conta a história de um roubo de obras de arte nos conturbados Estados Unidos dos anos 1970, com o fantasma da guerra do Vietnã e a crise econômica como pano de fundo.

O protagonista do filme é interpretado por Josh O'Connor, o ator britânico de 35 anos que também está à frente do elenco de outro filme da mostra oficial este ano, o romance gay "The History of Sound", ao lado de Paul Mescal.

Reichardt é uma das vozes mais importantes do cinema independente americano e já participou da competição em Cannes há três anos, com "Showing Up".

Mais cedo, o festival concedeu o Olho de Ouro para o melhor documentário para a primeira obra chechena apresentada em Cannes, "Imago", de Déni Oumar Pitsaev; e o prêmio do júri foi para "The Six Billion Dollar Man", dedicado a Julian Assange, o fundador do WikiLeaks.

Os cães também foi agraciados, como aconteceu há 25 anos: o "Palm Dog" foi para um pastor islandês por seu papel em "The Love that Remains", e o prêmio do júri ficou com dois cachorros que aparecem no espanhol "Sirat", um dos filmes mais elogiados da mostra.

jz/es/an/fp/mvv/am

© Agence -Presse

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