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Gaza: ONU denuncia "crimes de guerra" após novo ataque a centro de ajuda humanitária com 27 mortos

03/06/2025 10h55

Os ataques israelenses a uma região de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza continuam fazendo dezenas de vítimas. Nesta terça-feira (3), pelo menos 27 pessoas morreram em uma nova ofensiva, anunciou a Defesa Civil do território palestino. A ONU descreveu a ação como "crime de guerra".

Desde a semana ada, a área no sul de Gaza, onde a população tem se concentrado em busca de comida, vem sendo alvo de disparos, relata o correspondente da RFI em Jerusalém, Sami Boukhelifa. Além dos 27 mortos, dezenas de pessoas ficaram feridas no último ataque, na madrugada desta terça, quando as forças de ocupação israelenses abriram fogo.

Segundo o porta-voz da Defesa Civil, Mahmoud Bassal, foram utilizados tanques e drones contra milhares de civis que se reuniram perto da rotatória de al-Alam, na região de al-Mawassi, a noroeste de Rafah".

"Este é o terceiro incidente desse tipo em apenas três dias", denunciou a ONU, classificando como "um crime de guerra".

Esta última ofensiva é semelhante à ocorrida no domingo (1°) no mesmo local, quando 31 pessoas foram mortas e 176 feridas por tiros israelenses, enquanto se dirigiam para receber ajuda, segundo relatos de testemunhas e dos serviços de emergência. O centro de distribuição de alimentos está localizado na região de Rafah.

Fundação "desumanitária"

A situação humanitária é desastrosa no território palestino. Após dois meses e meio de bloqueio rigoroso, Israel aliviou suas restrições à entrega de ajuda nos últimos dias. Mas o Estado israelense desmantelou a rede da ONU existente para distribuição de alimentos em Gaza e a substituiu por outro mecanismo: a Fundação Humanitária de Gaza (GHF na sigla em inglês), uma empresa privada com financiamento obscuro que até o momento não cumpriu sua missão.

A ONU se recusa a trabalhar com ela devido a preocupações com seus procedimentos e neutralidade. Os moradores de Gaza, por sua vez, a apelidaram de fundação "desumanitária". Ela trabalha sob a proteção de soldados israelenses.

"As pessoas estão com fome, com sede. Elas estão se acotovelando. Elas estão lutando por sua sobrevivência, para sair com uma ração de comida. Mas ao menor movimento da multidão, o exército atira contra nós sem hesitar", disse Baraa, um jovem morador de Gaza.

"Morrer de fome ou arriscar morrer em ataques"

"Os ataques mortais contra civis desesperados que tentam ar quantidades irrisórias de ajuda alimentar em Gaza são inaceitáveis", disse Volker Türk, Alto Comissário dos Direitos Humanos da ONU, em um comunicado durante uma coletiva de imprensa em Genebra.

"Os palestinos enfrentam a mais sombria das escolhas: morrer de fome ou correr o risco de serem mortos enquanto tentam ar a escassa comida disponibilizada pelo mecanismo militarizado de assistência humanitária de Israel", denunciou Türk. O Alto Comissário também enfatizou que "ataques contra civis constituem uma grave violação do direito internacional e um crime de guerra".

"Pelo terceiro dia consecutivo, pessoas foram mortas perto de um local de distribuição de ajuda istrado pela Fundação Humanitária de Gaza. Esta manhã, recebemos relatos de que dezenas de outras pessoas foram mortas e feridas", acrescentou.

Cada um dos ataques perto de centros de ajuda humanitária "deve ser investigado de forma rápida e imparcial". "Os responsáveis ??devem ser responsabilizados", exigiu Volker Türk.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, por sua vez, pediu na segunda-feira (2) uma investigação independente após a tragédia de domingo perto da mesma rotatória de Al-Alam, não muito longe de um centro de ajuda humanitária istrado pela GHF.

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