BCE corta taxas de juros à medida que aumentam apostas em uma pausa
Por Balazs Koranyi e sco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu reduziu as taxas de juros conforme esperado nesta quinta-feira e disse acreditar que agora está bem posicionado para lidar com a incerteza econômica global, enquanto aumentaram as apostas do mercado em uma pausa em meados do ano.
O BCE já reduziu os custos dos empréstimos oito vezes, ou em 2 pontos percentuais, desde junho ado, buscando sustentar uma economia da zona do euro que estava enfrentando dificuldades mesmo antes de as políticas econômicas e comerciais erráticas dos Estados Unidos terem causado novos golpes.
Com a inflação em linha com sua meta de 2% e o corte bem sinalizado, o foco ou a ser a mensagem do BCE sobre o caminho a seguir, especialmente porque, a 2%, os juros estão agora na faixa "neutra" em que não estimulam nem desaceleram o crescimento.
"No nível atual, acreditamos que estamos em uma boa posição para navegar pelas circunstâncias incertas que virão", disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em uma coletiva de imprensa, ao mesmo tempo em que repetiu que não se "comprometeria previamente" com uma trajetória para os juros.
Lagarde disse que as autoridades foram "praticamente unânimes" em concordar com o corte dos juros, dando prosseguimento ao ciclo de afrouxamento do banco mais agressivo desde a crise financeira global de 2008/2009.
A queda dos preços da energia e um euro mais forte podem exercer mais pressão para baixo sobre a inflação, disse Lagarde, acrescentando que esse efeito pode ser reforçado se tarifas mais altas levarem a uma demanda menor por exportações em euros e ao redirecionamento do excesso de capacidade para a Europa.
Por outro lado, uma fragmentação das cadeias globais de oferta poderia aumentar a inflação ao elevar os preços das importações e ampliar as restrições de capacidade na economia doméstica, disse ela.
Os investidores já estão precificando uma pausa nos cortes em julho, e algumas autoridades conservadoras defenderam uma pausa para dar ao BCE a chance de reavaliar como a incerteza excepcional e a turbulência política no país e no exterior mudarão as perspectivas.
O argumento a favor de uma pausa baseia-se na premissa de que as perspectivas de curto e médio prazo para o bloco monetário são muito diferentes e podem exigir respostas políticas diferentes.
A inflação pode cair no curto prazo - possivelmente até abaixo da meta do BCE - mas o aumento dos gastos dos governos e as barreiras comerciais mais altas podem aumentar as pressões sobre os preços mais tarde.
A complicação adicional é que a política monetária afeta a economia com uma defasagem de 12 a 18 meses, portanto, o e aprovado agora poderia estar ajudando um bloco que não precisa mais dele.
Entretanto, os investidores ainda veem pelo menos mais um corte na taxa de juros neste ano e uma pequena chance de outro movimento mais tarde, especialmente se a guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, se intensificar.
Reconhecendo a fraqueza no curto prazo, o BCE reduziu sua projeção de inflação para o próximo ano.
PERSPECTIVAS DIVERGENTES
Reconhecendo a fraqueza no curto prazo, o BCE reduziu sua projeção de inflação para o próximo ano.
As tarifas de Trump já estão prejudicando a atividade e terão um impacto duradouro, mesmo que seja encontrada uma solução amigável, dado o impacto na confiança e no investimento.
A maioria dos economistas acredita que a inflação poderá ficar abaixo da meta de 2% do BCE no próximo ano, provocando lembranças da década pré-pandemia, quando o crescimento dos preços ficou persistentemente abaixo de 2%, mesmo que as projeções mostrem que ela voltará a atingir a meta em 2027.
Mais adiante, a perspectiva muda significativamente.
É provável que a União Europeia retalie quaisquer tarifas permanentes dos EUA, aumentando o custo do comércio. As empresas poderiam realocar algumas atividades para evitar barreiras comerciais, mas as mudanças nas cadeias de valor corporativas também devem aumentar os custos.
O aumento dos gastos com defesa na Europa, especialmente na Alemanha, e o custo da transição ecológica podem aumentar a inflação, enquanto a redução da força de trabalho devido ao envelhecimento da população manterá as pressões salariais elevadas.