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EUA prendem 2.200 imigrantes após meta de Trump e têm recorde em um dia

do UOL

Do UOL, em São Paulo

05/06/2025 12h11Atualizada em 05/06/2025 20h38

Após o presidente Donald Trump estabelecer uma meta diária de prisões, agentes federais prenderam mais de 2.200 imigrantes na terça-feira, chegando ao recorde de presos em somente um dia. As informações foram publicadas hoje pela emissora NBC News.

O que aconteceu

Política de imigração de linha dura de Trump continua — e resultado deve ser mais de 1 milhão de detenções por ano. Agentes do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) confirmaram o número recorde de prisões à NBC, dias após o governo Trump estabelecer a meta de 3.000 prisões de estrangeiros por dia.

Centenas de presos estavam inscritos em programas alternativos à detenção. Esses projetos propõem que imigrantes indocumentados que não são considerados ameaças à segurança pública não sejam presos, mas sim rastreados por meio de tornozeleiras eletrônicas, aplicativos de smartphone ou outros programas de geolocalização.

Prisões são nova tática do governo dos EUA. Advogados de imigração em todo o país disseram à NBC News que alguns de seus clientes receberam mensagens de texto do ICE solicitando que fossem às reuniões periódicas antes do horário previsto para o check-in nos escritórios do governo, apenas para serem presos ao chegarem.

Imigrantes estão sendo presos durante audiências de tribunais de imigração. "Não há nenhum argumento válido que possa ser feito de que todos esses indivíduos são perigosos", disse Atenas Burrola Estrada, advogada do Amica Center for Immigrant Rights, à NBC News.

Prisões nos tribunais

Sede do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA), em Washington, DC. - The Washington Post/Getty Images - The Washington Post/Getty Images
Sede do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA), em Washington, DC.
Imagem: The Washington Post/Getty Images

Medo dos migrantes de comparecerem perante os juízes. Verônica Navarrete esperava do lado de fora do escritório de imigração por uma amiga, uma solicitante de asilo do Equador, que havia sido instruída a se apresentar ao escritório em Nova York ontem. Navarrete contou à NBC News que viu imigrantes andando de um lado para o outro fora do prédio o dia todo, alguns deles parecendo estar pensando se deveriam comparecer ou não aos seus compromissos. "Se você entrar, existe a possibilidade de te prenderem", disse ela. "E se você não entrar, você perdeu seu compromisso, e isso é deportação automática. Não temos saída."

Governo afirmou que imigrantes tinham ordem de prisão. Sobre as prisões de imigrantes com tornozeleiras eletrônicas que se apresentavam para consultas, o porta-voz do ICE disse à NBC: "Os presos tinham ordens finais executáveis". O vice-chefe de gabinete de políticas da Casa Branca, Stephen Miller, ameaçou em uma reunião com a liderança do ICE no mês ado demitir altos funcionários se a agência não começasse a fazer 3 mil prisões por dia.

A decisão de Trump para triplicar o número de prisões por dia foi tomada no dia 21 de maio. O republicano havia prometido, em sua campanha eleitoral, que faria a maior operação de deportação da história. Mas os primeiros números vieram abaixo da média mensal do governo de Joe Biden. Trump ainda ordenou a investigação de vazamento de informações de dados das operações, que estaria abalando a capacidade de o governo cumprir suas promessas de campanha.

Irritada com os números abaixo do esperado, a Casa Branca ou a pressionar agentes de segurança contra os estrangeiros. Documentos internos do governo publicados pelo jornal Washington Post revelaram que a agência de imigração dos EUA foi orientada a prender pessoas em tribunais imediatamente após um juiz ordenar sua deportação ou após seus processos criminais serem arquivados e elas tentarem sair.

Trump proibiu a entrada de cidadãos de 12 países nos EUA

Donald Trump anunciou ontem a proibição da entrada nos EUA de cidadãos de 12 países. Quase todos da África ou do Oriente Médio: Afeganistão, Mianmar, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen.

Outros sete países sofrerão restrições mais rigorosas. São eles: Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela. A medida entra em vigor na segunda-feira. "Devo agir para proteger a segurança e o interesse nacional dos Estados Unidos e de seu povo", disse Trump.

A iniciativa foi criticada por entidades de defesa dos direitos humanos. "É discriminatória, racista e absolutamente cruel", postou a Anistia Internacional dos EUA nas redes sociais. "Ao mirar pessoas com base em sua nacionalidade, essa proibição apenas dissemina desinformação e ódio."

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