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Com epilepsia e sem óculos: piloto de avião que caiu em BH não podia voar

11.mar.2023 - Avião monomotor caiu em residências no bairro Jardim Montanhês, próximo ao Aeroporto Carlos Prates, em BH - Corpo de Bombeiros MG/Divulgação
11.mar.2023 - Avião monomotor caiu em residências no bairro Jardim Montanhês, próximo ao Aeroporto Carlos Prates, em BH Imagem: Corpo de Bombeiros MG/Divulgação
do UOL

Colaboração para o UOL, de São Paulo

12/06/2025 12h26Atualizada em 12/06/2025 12h48

O piloto de um avião de pequeno porte que caiu em Belo Horizonte, em março de 2023, não comunicou sobre o seu quadro de saúde à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). As informações são de um relatório emitido pela Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).

O que aconteceu

Médico de 65 anos que pilotava o avião tinha histórico de epilepsia e fazia tratamento com o uso de medicamentos controlados. A Anac, porém, não autoriza que pessoas com diagnóstico de doenças que possam causar diminuição ou perda de consciência, como a epilepsia, pilotem aviões.

Medicamentos para tratar a doença foram detectados em exame toxicológico. Segundo o laudo, a urina do piloto tinha substâncias sedativas e hipnóticas. Também foram encontrados indícios de remédios para hipertensão, dislipidemia (gordura no sangue) e problemas gastrointestinais.

O homem morreu após a queda. A filha, que o acompanhava no voo, ficou gravemente ferida. Ambos foram resgatados inconscientes da aeronave e levados para o Hospital João 23, em Belo Horizonte.

Comandantes são obrigados a comunicar condições de saúde que possam afetar a segurança do voo. As doenças e os remédios que usava, no entanto, não foram listados no último termo de responsabilidade assinado por ele.

Piloto informou apenas o uso de medicamento para pressão e de lentes para correção visual. A perícia concluiu ainda que o médico não usava óculos ou lentes de contato durante o acidente.

"Piloto estava excessivamente calmo, inclusive com alguma letargia, dando a impressão de fala arrastada", informou a Cenipa. A situação foi identificada durante a análise de conversas entre ele e a torre de controle. Os sintomas, segundo o laudo, podem "indicar algum comprometimento cognitivo".

Por pressão da família, médico costumava voar acompanhado

Desde 2018, familiares exigiam que o médico levasse pilotos mais experientes em seus voos. Pressão teria começado depois de um incidente.

Quando estava com a filha, médico dispensava ajuda de profissionais. Ela era pupila do pai e assumiria o posto de copilota. Pai e filha estavam sozinhos no avião no dia do acidente.

Avião não tinha problemas mecânicos

Nenhuma falha mecânica foi reportada pelos pilotos ou identificada pela perícia. Segundo a Cenipa, o médico não teria realizado os procedimentos de pouso de forma adequada.

Laudo aponta que trem de pouso estava recolhido quando avião tocou o chão. Além disso, o monomotor se aproximou do solo em posição irregular, "a poucos metros da cabeceira oposta". Neste caso, o piloto deveria ter optado por arremeter a aeronave e realizar uma nova tentativa de pouso.

Relembre o acidente

Avião monomotor caiu em 11 de maio de 2023, no bairro Jardim Montanhês, nas proximidades do Aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte. Na queda, a aeronave se chocou contra residências. Não houve vítimas nos imóveis atingidos.

Antes de cair, avião fez duas tentativas de pouso. Na primeira, o piloto não conseguiu pousar e arremeteu o avião. Um minuto e meio depois, na segunda tentativa, o avião ultraou a pista e colidiu com as casas.

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