Dólar sobe na esteira de aversão global ao risco com escalada das tensões no Oriente Médio
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subia ante o real nesta sexta-feira, na esteira dos fortes ganhos da divisa norte-americana no exterior, conforme os investidores fugiam de ativos arriscados após ataque de Israel a instalações nucleares e de mísseis do Irã elevar as tensões no Oriente Médio.
Às 9h38, o dólar à vista subia 0,55%, a R$5,5743 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,44%, a R$5,581 na venda.
Israel lançou ataques em larga escala contra o Irã na noite de quinta-feira (horário de Brasília), dizendo que tinha como alvo instalações nucleares, fábricas de mísseis balísticos e comandantes militares no início de uma operação prolongada para impedir que Teerã construa uma arma atômica.
O Irã prometeu uma resposta dura e Israel disse que precisou interceptar cerca de 100 drones lançados em direção ao território israelense em retaliação.
O ataque ocorreu em meio a esforços dos Estados Unidos de negociar um acordo com o Irã sobre o programa nuclear iraniano e dias antes de uma sexta rodada de negociações entre os dois países. Até o momento, as discussões não têm tido resultados positivos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu ao Irã nesta sexta que faça um acordo, dizendo que ainda há tempo para o país evitar mais conflito com Israel.
"Já houve grande morte e destruição, mas ainda há tempo para que esse massacre, com os próximos ataques já planejados sendo ainda mais brutais, chegue ao fim", disse Trump em publicação no Truth Social.
A escalada das tensões na região levantava tanto a perspectiva de uma guerra total como de envolvimento dos EUA no conflito, o que provocava a fuga de ativos de risco nesta sessão, com perdas em ações e moedas mais arriscadas.
"Essa sexta-feira promete ser uma sessão de forte aversão a ativos mais arriscados em face do ataque de Israel ao Irã... Deve prevalecer a busca por moedas ditas como portos seguros", disse Marcio Riauba, head da mesa de operações da StoneX Banco de Câmbio.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,72%, a 98,379.
Antes das atenções se voltarem para o Oriente Médio, a semana vinha sendo marcada pela repercussão das negociações comerciais entre autoridades de EUA e China em Londres, onde firmaram um acordo para retomar uma trégua tarifária alcançada no mês ado.
Os investidores ainda aguardam mais detalhes sobre o acordo para avaliar o resultado final. As primeiras informações impunham cautela, uma vez que os países deixaram de fora uma discussão sobre o controle de remessas de chips dos EUA para a China, o que pode afetar a relação bilateral no futuro.
Na cena doméstica, as atenções seguem voltadas para o ime em relação às tentativas do governo de elevar as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que têm gerado reações negativas entre parlamentares e no mercado.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, disse que a Casa decidiu pautar a urgência de um decreto para sustar a nova proposta do governo anunciada na quarta-feira, quando o Executivo também editou uma medida provisória para compensar as perdas de arrecadação com os recuos na alta do IOF.
Na frente de dados, o setor de serviços no Brasil registrou avanço pelo terceiro mês seguido em abril, iniciando o primeiro semestre sob o impulso do setor de transportes, mesmo em meio à expectativa de desaceleração da economia diante de uma política monetária contracionista.
Na quinta-feira, o dólar à vista fechou em leve alta de 0,08%, a R$5,5437.