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Grupo cobrava R$ 250 mil para espionar ou matar ministros do STF, indica PF

Documento apreendido pela PF mostra "tabela de preços" para espionar e ass autoridades - Reprodução
Documento apreendido pela PF mostra 'tabela de preços' para espionar e ass autoridades Imagem: Reprodução
do UOL

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

28/05/2025 10h52Atualizada em 28/05/2025 13h36

A PF cumpriu hoje uma operação contra um grupo de militares suspeito de espionar e até mesmo ass autoridades por encomenda, autodenominado de "Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos".

O que aconteceu

A investigação encontrou uma relação de preços, que podiam chegar a até R$ 250 mil se o alvo fosse um ministro do Judiciário. A tabela apreendida mostra que os valores cobrados variavam conforme o alvo.

  • Ministros / Judiciário: R$ 250 mil
  • Senadores: R$ 150 mil
  • Deputados: R$ 100 mil
  • "Figuras normais": R$ 50 mil

Pelos valores, considerados baixos, a PF suspeita que esses preços seriam para espionar os alvos. Entretanto, a investigação também aponta que o grupo oferecia o serviço de ass autoridades.

Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado, seria um dos possíveis alvos do grupo, aponta a PF. Pelas anotações apreendidas pela PF, constava o termo "vigilância armada" para o dia em que Pacheco chegaria ao Brasil. O senador divulgou nota sobre o caso: "Externo meu repúdio em razão da gravidade que representa à democracia a intimidação a autoridades no Brasil, com a descoberta de um grupo criminoso, conforme investigação da Polícia Federal, que espiona, ameaça e constrange, como se o país fosse uma terra sem leis."

Lista apreendida também inclui materiais previstos para as ações, incluindo fuzis de sniper, drones e garotos de programa. Também constam no documento "minas magnéticas e explosivos com detonação remota", fuzis lançadores de dardos, usados para captura de animais, placas falsas para automóveis e materiais de disfarce, como perucas e bigodes.

PF descobriu grupo ao investigar o homicídio de um advogado em Cuiabá, em 2023. Roberto Zampieri foi morto a tiros em frente ao escritório dele, aos 57 anos. A partir da perícia do celular dele, os agentes descobriram indícios de um esquema de compra de decisões judiciais do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Foi o que desencadeou a operação Sisamnes, que chegou hoje à sétima fase.

Grupo 'caça-comunista' teria sido responsável pela morte do advogado. O suspeito de ser o mandante do crime é o fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo, preso hoje. A motivação seria uma disputa judicial envolvendo terras em Mato Grosso com valor estimado de R$ 100 milhões.

Coronel da reserva do Exército é suspeito de liderar a organização. Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, 68, está preso desde janeiro de 2024, por suspeita de ligação com o assassinato de Zampieri. A defesa pede a liberdade dele, dizendo que não há provas que o vinculem ao crime, e que o nome do coronel só foi citado porque a PF teria torturado um dos outros envolvidos. O pedido dos advogados ainda não foi julgado.

Outro lado

A defesa dele já havia pedido, no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, liberdade ao coronel Caçadini, argumentando que não havia provas vinculando ele ao crime e dizendo que ele foi citado após "tortura" feita a um dos executores — o pedido ainda não foi julgado.

Em nota divulgada hoje, a advogada Sarah Quinetti afirma que não foi encontrado nenhum elemento ilícito na operação. "Reiteramos nossa confiança nas instituições brasileiras e no trabalho responsável das autoridades competentes, bem como reafirmamos nossa convicção na inocência dos nossos constituídos", diz na nota.

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