Escritores britânicos e irlandeses denunciam 'genocídio' em Gaza
Quase 380 escritores britânicos e irlandeses, incluindo Zadie Smith, Ian McEwan e Irvine Welsh, fizeram um apelo em uma carta divulgada on-line para a utilização de "palavras justas" e a classificação de "genocídio" nas ações de Israel em Gaza.
"O uso dos termos 'genocídio' ou 'atos de genocídio' para descrever o que está acontecendo em Gaza não é mais questionado pelos especialistas jurídicos internacionais ou as organizações de defesa dos direitos humanos", defende o texto, publicado no site Medium e assinado por autores como Jeanette Winterson, Brian Eno e Elif Shafak.
"Pedimos a nossos países e aos povos do mundo que juntem a nós para acabar com o silêncio e a inação coletiva diante do horror", acrescentaram.
O Medium, uma plataforma de textos on-line lançada em 2012, se tornou um espaço para escritores, amadores, jornalistas e especialistas em temas diversos alcançarem um público mundial.
A carta foi divulgada um dia após cerca de 300 escritores de língua sa, incluindo os vencedores do Prêmio Nobel Annie Ernaux e Jean-Marie Gustave Le Clézio, em uma declaração semelhante condenando o "genocídio".
"Os palestinos não são vítimas abstratas de uma guerra abstrata. Com muita frequência, as palavras têm sido usadas para justificar o injustificável, negar o inegável, defender o indefensável", declararam os autores britânicos e irlandeses.
Os signatários exigem a distribuição imediata e irrestrita de alimentos e ajuda médica em Gaza por parte da ONU, bem como um cessar-fogo, e alertam que, caso contrário, "sanções deverão ser impostas".
Na segunda-feira, mais de 800 especialistas jurídicos britânicos, incluindo ex-juízes da Suprema Corte, escreveram ao primeiro-ministro Keir Starmer afirmando que "o genocídio está sendo perpetrado em Gaza ou, no mínimo, há um sério risco de genocídio".
O conflito eclodiu com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, no qual 1.218 pessoas foram mortas, a maioria civis, de acordo com uma avaliação da AFP baseada em dados oficiais.
Milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas neste ataque. Deste total, 57 permanecem em Gaza, embora 34 estejam mortas, de acordo com autoridades israelenses.
A ofensiva militar de Israel em Gaza matou mais de 54.000 pessoas, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, que a ONU considera confiáveis.
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