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Racismo em Higienópolis: polícia apura panfletos da KKK perto do Mackenzie

do UOL

Do UOL, em São Paulo

03/06/2025 13h52Atualizada em 03/06/2025 20h11

A Polícia Civil investiga o caso de panfletos com apologia ao grupo supremacista branco norte-americano Ku Klux Klan colados no entorno do campus do Mackenzie, na região de Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, na semana ada.

O que aconteceu

Cartazes com imagens de pessoas negras, símbolos da KKK e o logo do Mackenzie foram divulgados nas redes sociais no último fim de semana. Segundo a assessoria de imprensa da faculdade, os panfletos, que levavam o lema conservador de origem fascista "Deus Pátria e Liberdade", foram colados entre quinta e sexta-feira em muros no entorno do campus. Em nota, o Mackenzie repudiou o que classificou como "ataque" à instituição a partir de "símbolos e mensagens de ódio e intolerância" (veja mais sobre o posicionamento abaixo).

Polícia Civil investiga episódio como "difamação" à faculdade. Procurada pelo UOL, o órgão informou que "investiga um caso de difamação contra uma instituição de ensino após a distribuição de cartazes com imagens da Ku Klux Klan associadas à identidade visual da universidade". O caso foi registrado pela Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 4º DP (Consolação), que apura a autoria e as circunstâncias do crime.

Cartazes foram colados um mês após repercussão de caso de racismo contra aluna do Colégio Mackenzie, localizado no mesmo prédio do campus universitário. No fim de abril, a adolescente de 15 anos, bolsista da instituição de ensino, foi encontrada desacordada no banheiro do colégio. Segundo a mãe, ela vinha sofrendo ataques racistas e bullying desde o ano ado.

Família diz que notificou escola por racismo em 2024. A mãe da vítima disse que buscou ajuda psicológica na própria escola, mas que o auxílio não ocorreu por suposta falta de vagas. "Nenhuma providência foi adotada", disse a advogada Réa Sylvia, que representa os familiares da adolescente (relembre o caso aqui).

A Ku Klux Klan é uma organização terrorista foi fundada em uma pequena cidade do Tennessee, nos Estados Unidos, entre os anos de 1865 e 1866. De supremacia branca, promovia — e ainda promove — atos terroristas contra pessoas negras e ativistas de direitos humanos (leia mais sobre o grupo aqui).

Baixa repercussão entre alunos

Convocação para um protesto contra os panfletos foi divulgada nas redes sociais. O ato estava previsto para ontem ao meio-dia em frente à entrada do Mackenzie, mas não ocorreu. O UOL esteve na faculdade para acompanhar a manifestação e apurar mais informações sobre o caso, mas só havia assessores de imprensa da instituição e policiais militares posicionados na porta do campus.

Caso não teve grande repercussão entre alunos da faculdade. Conforme apurado pelo UOL, alunos não estavam cientes do protesto marcado para ontem e nem mesmo o coletivo estudantil antirracista do Mackenzie tinha conhecimento dos panfletos colados no entorno do campus até o início da semana.

O que diz o Mackenzie

Mackenzie afirma que panfletos são "absolutamente incompatíveis com os princípios de respeito, diversidade e inclusão" da instituição. Em nota, a faculdade "reafirma seu compromisso inabalável com a construção de um ambiente acadêmico acolhedor, plural e seguro para toda a sua comunidade".

Faculdade também diz que investe em "programas de inclusão" para "promover equidade e respeito às diferenças". O objetivo das iniciativas, segundo o Mackenzie, é "desenvolver o tema da inclusão e combater qualquer forma de discriminação". A instituição afirmou, por fim, que "reitera seu compromisso com a formação de cidadãos conscientes, éticos e capazes de contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva, repudiando qualquer ato de intolerância ou ódio".

Sobre caso da adolescente vítima de racismo, colégio disse que prestou ajuda. Em nota enviada em maio, o Colégio Mackenzie informou que a estudante recebeu atendimento médico no dia 29 de abril e que a direção e a coordenação acolheram a mãe presencialmente minutos após o ocorrido e, nos dias seguintes, seguiram acompanhando a situação de perto. "A equipe de orientação educacional e a psicóloga escolar — que já acompanhavam a aluna e sua família — seguem prestando e com cuidado, escuta e responsabilidade".

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