Bolsonaro em SP é manutenção de relacionamento com Tarcísio, dizem aliados

A iniciativa do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de hospedar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes foi interpretada como um gesto para "manter o relacionamento" entre ambos, segundo aliados.
O que aconteceu
Um gesto "respeitoso e fiel a quem deu oportunidade a ele", disse uma fonte de dentro do governo paulista. O UOL apurou que a hospedagem dada a Bolsonaro por parte do governador Tarcísio é vista como um gesto de relacionamento político. O governador "sempre oferece estadia" quando o ex-presidente está em São Paulo, segundo fonte ouvida pela reportagem.
O movimento político não chega a ser entendido como uma reaproximação entre eles, segundo aliados. Trata-se de mostrar que os canais de comunicação entre os dois "estão limpos" e não têm intermediários. Não há previsão de compromisso conjunto envolvendo o ex-presidente o governador, de acordo com aliados.
Bolsonaro está em São Paulo desde ontem para se preparar para o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a tentativa de golpe de Estado. Ele terá reuniões com advogados para preparar estratégias de defesa e os pontos que pretende questionar da denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
Aliados de Tarcísio afirmaram ao UOL que ele pretende se candidatar à reeleição, em 2026. Contudo, como Bolsonaro está inelegível, uma parte do PL aposta que ele seria a escolha do ex-presidente para representar a direita nas urnas — possivelmente acompanhado de uma candidatura à vice-presidência da ex-primeira-dama de Michelle Bolsonaro.
O UOL procurou a assessoria do governador Tarcísio e o advogado de Bolsonaro, mas não teve retorno.
Em São Paulo, Bolsonaro se prepara para depoimento
Ministro do STF, Alexandre de Moraes agendou para a segunda-feira (9) o interrogatório dos réus do "núcleo 1". O grupo é composto por oito pessoas acusadas pela PGR por tentativa de golpe de Estado. Uma delas é Bolsonaro. As audiências com os réus estão previstas para durar até o dia 13. O primeiro interrogado será o tenente-coronel Mauro Cid.
Ex-presidente convocou os apoiadores a assistirem o depoimento na semana que vem, que terá transmissão ao vivo. "O que aconteceu em 2022, com toda a certeza, será falado por mim quando ao vivo estiver no Supremo, os cinco ministros na minha frente, e cobrando. Vale a pena assistir. Conto com a audiência de vocês. Não vou lá para lacrar, para desafiar quem quer que seja", discursou Bolsonaro.
Tarcísio prestou depoimento na semanada ada na condição de testemunha de defesa de Bolsonaro. Ele disse que o ex-presidente "jamais" falou em golpe. Bolsonaro é acusado de liderar uma trama para impedir a posse de Lula (PT), que o derrotou nas eleições de 2022.
"Jamais, nunca", respondeu o chefe do Executivo paulista ao ser questionado no STF. O governador respondeu à Corte se tomou conhecimento de uma eventual intenção de Bolsonaro dar um golpe de Estado durante cinco visitas que fez ao aliado entre novembro e dezembro de 2022. "Assim como nunca tinha acontecido durante meu período como ministro, nas visitas que eu fiz, em várias conversas, ele jamais tocou nesse assunto e mencionou qualquer tentativa de ruptura", afirmou Tarcísio.