Ronilso: Mais que descontração, estratégia de Moraes da ironia deu certo
O estilo descontraído do ministro Alexandre de Moraes durante o depoimento dos réus do "núcleo crucial" da trama golpista foi uma estratégia que deu certo, avaliou o colunista Ronilso Pacheco na edição de hoje do UOL News.
Durante a condução dos depoimentos no STF (Supremo Tribunal Federal), Moraes teve momentos despojados ao interrogar os réus e até brincou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao recusar um convite para ser vice dele em 2026.
Ali houve o encontro de duas personalidades irônicas, cada uma com seu estilo. Mais do que a descontração, a estratégia de Moraes da ironia deu muito certo. Não é uma característica do [Luiz] Fux e nem do [Edson] Fachin, talvez do Gilmar Mendes e com certeza do Flávio Dino. No plenário, Moraes e Dino são casos à parte.
Essa ironia foi extremamente importante. O gracejo era uma forma não apenas de diminuir a pressão, mas também a condição. Quando se fez um histórico de tudo o que Bolsonaro falou das afrontas, lembrei-me do Roberto Jefferson perguntando a José Dirceu 'cadê aquela empáfia, arrogância, aquele homem altivo?'. É o que Moraes poderia dizer ao Bolsonaro. Ronilso Pacheco, colunista do UOL
Ronilso destacou que Bolsonaro também usou da ironia para tentar suavizar sua situação no banco dos réus, mas ou momentos constrangedores no Supremo.
Pelo lado do Bolsonaro, o gracejo foi uma forma de suavizar uma situação de muita exposição. Moraes despejou todas aquelas frases ditas por Bolsonaro publicamente e ele não teve como desmentir. Algumas coisas foram ditas secretamente em reuniões; outras, publicamente para todo mundo ouvir.
Bolsonaro simplesmente reconheceu e pediu desculpas, colocando tudo no desabafo. Há uma descontração, mas não deixa de ser uma situação constrangedora. Foi um encontro de duas personalidades muito irônicas, mas em um cenário no qual o jogo está virado. Ronilso Pacheco, colunista do UOL
Fase do interrogatório foi ruim para os réus no geral, analisa jurista
O balanço dos interrogatórios no STF (Supremo Tribunal Federal) foi negativo para os réus do "núcleo crucial" da trama golpista, analisou Eloísa Machado, professora de Direito da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas de São Paulo).
De maneira geral, o que vimos foi uma incapacidade desses réus de refutarem os fatos apresentados pela Procuradoria-Geral da República. Não houve nenhuma informação colocada pelos réus que fosse capaz de dizer que as reuniões não aconteceram e que não foi discutida uma alternativa para não dar seguimento ao resultado legítimo das eleições.
Nenhum fato foi capaz de descaracterizar, querendo ou não, a sequência de eventos que a PGR apresenta como fundamentais para a caracterização desses dois crimes.
Em geral, nenhuma grande cartada foi oferecida pelos réus. Dificilmente isso acontece nessa fase de interrogatório. Não havia uma grande expectativa de que eles fossem capazes de desconstruir a acusação da PGR e isso se confirmou.
Realmente, não só eles não conseguiram refutar essas provas como em grande parte corroboraram grande parte da denúncia da PGR. Avalio como ruim para os réus essa fase do interrogatório. Provavelmente teremos uma fase mais curta daqui para frente e possivelmente um julgamento ainda nesse ano. Eloísa Machado, professora da Direito da FGV-SP
Assista ao comentário na íntegra:
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 17h, com Diego Sarza. Aos sábados, o programa é exibido às 11h e 17h, e aos domingos, às 17h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.
Veja a íntegra do programa: